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Velejando novamente, Granadinas, sul do Caribe!

Finalmente mastro colocado, vamos continuar nossa viagem com apenas quatro meses de atraso no plano inicial...
A questão agora era o que fazer, pois a temporada de cruzeiro no Caribe, que vai de dezembro a maio está chegando ao fim. Resolvemos conhecer as Granadinas, que é o filé do Caribe, e depois ir para a Venezuela passar a temporada dos furacões.
Assim, dia 21 de abril, às 17 horas, saímos de Trinidad rumo à Grenada, 80 milhas ao norte. Saímos à tardinha para chegarmos de dia, com uma previsão de mar de 2 metros e vento de 20 nós. Foi uma orça apertada, sendo que tivemos de arribar para continuar andando. Como foi a primeira velejada com o mastro novo, estávamos apreensivos e os turnos de 2 horas foram longos. Acabamos dormindo muito pouco mas felizmente não mareamos e conseguimos até comer um pouco. Acabamos levando 2 horas a mais que o previsto e chegamos em Grenada às 8 horas do dia 22.
Ficamos em Prickly Bay, defronte à Spice Marine, se é que se pode chamar aquilo de marina. Muito abandonada, banheiros péssimos e se paga US$1 por banho. Pelo menos a imigração e alfândega eram na mesma sala e foi relativamente fácil preencher o monte de formulários exigidos, além da taxa de US$ 27,00. Passamos num mercadinho para comprar gelo e trocar dinheiro pois a moeda aqui é o East Caribean Dolar, EC$, mais ou menos equivalente ao Real. Além do banho pagamos também para deixar o lixo, 7 EC por semana...
Depois de nos ambientarmos, fomos dormir um merecido sono. No dia seguinte fomos de van para a capital, St. George. A cidade é uma gracinha, muito bem cuidada. Fomos ao banco, à internet e depois compramos um chip para o celular. A vantagem da tecnologia GSM é esta, por um preço relativamente baixo vc tem celular pré-pago de qualquer lugar, apenas o numero muda. De qualquer modo agora temos comunicação com o Brasil.
Pegamos vários dias de chuva, o que impedia muitos passeios, caminhávamos no fim de tarde e dormíamos bastante. Dia 28 nos mudamos para o Lagoon, que fica em St. George, junto ao Iate Clube. Fica próximo de tudo na cidade mas não dá para tomar banho de mar pois a água é suja. Saímos com o barco para conhecer outras praias, como Grand Anse e Grand Mal onde acabamos ficando uma noite. Depois voltamos para St. George mas ficamos do lado de fora do porto, onde a água é limpa e é mais ventilado.
Voltamos para o Lagoon para abastecer o barco para irmos para a próxima ilha, Carriacou, quando comecei a sentir dor nas costas. De repente, quando estava passando do dingue para o barco me deu uma fisgada nas costas que me deixou impossibilitado de me mover. Mal consegui deitar no cockpit. A dor era insuportável. Acabei passando a noite deitado ali mesmo com a Cris me fazendo companhia dormindo embaixo do doghouse. O pior é que chovia prá caramba e a Cris teve que fazer uma cabana para me proteger da chuva e vento. Foram dois dias com Voltaren injetável, Cataflan Gel e Profenid. Pedimos ajuda ao Iate Clube para colocar o barco no pier. No segundo dia consegui entrar no barco e deitar na sala.  Felizmente a dor começou a ceder e no terceiro dia estava bem melhor. Fui à uma clínica fazer uma consulta, raio X, etc e o médico diagnosticou distensão muscular e mandou continuar tomando Voltaren comprimido. Êta distensão doída!

Abastecemos o barco e dia 8, sábado, saímos para Carriacou. Navegada fácil, 30 milhas. Ancoramos em Tyrrel Bay. Lugar legal para ancorar mas sem nenhum atrativo especial. No dia seguinte fomos à Hillsborough fazer a documentação de saída pois íamos para Union Island, que faz parte de S. Vincent. No caminho paramos na Sandy Island, uma amostra do Caribe que esperávamos. Areia branquíssima, água em vários tons de azul e verde, piscinas naturais, uma beleza!


Sandy Island, Carriacou

Hillsborough é uma droga, fizemos a documentação e saimos rapidinho para Clifton Harbor, Union. Duas horas de motor pois o vento estava na cara e entramos no porto que fica protegido do mar por uma barreira de coral. A ancoragem é pequena para o número de barcos ancorados e então resolvemos pegar uma poita para ficarmos mais perto do Iate Clube. Dê-lhe burocracia para fazer a entrada no novo país. Pelo menos a alfândega e imigração ficam juntas no aeroporto, menos de 1 km do trapiche. Dormimos duas noites lá e seguimos para Mayreau, que seria a nossa base para visitar Tobago Cays, pois achava complicado passar a noite lá. Descemos em Mayreau e subimos o morro onde fica a única vila da ilha. De cima se tem uma vista fantástica de Tobago Cays. Tiramos várias fotos que acabaram se perdendo devido à um problema no disquete. No dia seguinte fomos finalmente conhecer o lugar que me fez vir ao Caribe. Rota no GPS, preparação psicológica para driblar recifes e lá vamos nós. No fim foi mais fácil do que pensava pois a entrada é sinalizada por duas balizas e a passagem entre as ilhas não é tão estreita como parecia na carta. Lá dentro é um deslumbramento. Se as Granadinas são o filé do Caribe, Tabago Cays é o mignon. Parafraseando o Cabinho, ir ao Caribe e não conhecer este lugar é como ir à Roma e não ver a Sophia Loren... De cara mudei de idéia sobre passar a noite lá pois é bem abrigado do mar, embora não do vento. Passamos três noites lá, mergulhando todos os dias, ficando um pouco em cada ilha, deixando o tempo passar. Me arrependi de não ter ficado mais tempo lá...


Tobago Cays, vista da gaiúta da cozinha...


Tobago Cays, vista de uma das quatro ilhas que formam o arquipélago

Venezuela, Junho/2004

O mês de maio estava chegando ao fim e era hora de ir para a Venezuela. Planejei uma viagem em etapas curtas para não cansar muito, então as paradas seriam Carriacou, Grenada, Los Testigos, Isla Margarita e Puerto La Cruz. O maior trecho foi Grenada-Los Testigos, 90 milhas. Como queríamos chegar de dia, saímos à meia-noite. Foi a pior velejada até agora. Vento a favor mas mar muito ruim, desencontrado, com as ondas entrando pela alheta fazendo o barco balançar muito. Mas Los Testigos vale a pena. Água muito limpa, muito peixe, se ancora pertinho da praia, numa ligação entre duas ilhas que faz com que o mar quebre a apenas alguns metros da proa do barco. Pena que o tempo estava ficando curto pois a vontade era passar mais alguns dias lá. Mas tínhamos notícias de que as marinas estavam enchendo muito rápido em Puerto La Cruz e resolvemos seguir viagem.


Los Testigos, vista da ancoragem

Em Isla Margarita, Porlmar, nem descemos do barco, achei a vista da cidade deprimente, com vários hotéis de luxo abandonados. Já teve a sua época de grandeza. Chegamos de tarde e saímos de madrugadinha. Amanheceu sem vento e com um mar liso. Foi uma motorada só até PLC. Estávamos preocupados com as notícias de pirataria na costa venezuelana o que nos fez ir direto, sem parar nas ilhas do caminho. Chegando em PLC fomos para a marina Maremares, onde já estavam nos aguardando pois avisei pela rádio antes. Ela fica no complexo El Morro, uma espécie de Brachuí gigante, com hoteis, shoppings, condomínios, marinas e muitos canais. A marina faz parte de um resort enorme, com spa, restaurantes, piscina com ondas artificiais etc etc. Êta sofrimento...


Vida difícil na marina Maremares, em Puerto La Cruz

Em final de junho devemos voltar para o Brasil. A Cris decidiu desembarcar em definitivo, por pressão das filhas, depois de mais de um ano a bordo.  Esta decisão foi para mim uma grande decepção. A idéia da ida ao Caribe só pôde ser concretizada depois do comprometimento dela em ir junto, pois sozinho já tinha resolvido que não iria. Até entendo que após a quebra do mastro ela tenha ficado ainda mais instável emocionalmente, mas de qualquer modo me deixou pendurado no pincel...

Como a vida continua, devo retornar para a Venezuela no final de novembro para providenciar o retorno do Redboy para o Brasil. O resto do Caribe, EUA e Europa ficam para uma próxima vez.

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