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Descendo a costa...

Nesta página vamos mudar um pouco o estilo. O texto foi escrito pela Lilli, assim como as fotos foram escolhidas por ela, dando assim o ponto de vista feminino sobre a travessia. Viajem conosco!

Enfim fomos buscar o Redboy em Salvador para retornar ao lar em Angra dos Reis. Para mim serão com certeza férias adoráveis.
Em 27 de dezembro chegamos a Salvador em torno das 13:30, pegamos rapidamente um táxi rumo ao Píer Salvador, na Ribeira, onde o amado veleiro do meu amor ficou. Na chegada muita coisa para fazer, uma faxina geral, desfazer as malas e verificação dos equipamentos. O Mario desfez as malas rapidinho, também não trouxe nada, mas eu, como a maioria das mulheres, sempre o suficiente para ficar tranqüila.
A Ribeira é um lugar muito pobre, mas a sujeira é maior ainda. À noite quando fomos comer uma pizza o garçom contribuiu para com a sujeira. Na nossa frente abriu a garrafa de cerveja e jogou a tampa no chão ali mesmo.
No dia 28 de dezembro saímos cedinho do Píer Salvador rumo ao Cenab. Conseguimos uma vaga, a última segundo informação, pois estava lotado de veleiros franceses. Chegamos antes do meio dia, após o almoço saímos para efetuar as compras para o início das férias a bordo do veleiro. Nada de exagero, já que o plano é efetuar algumas paradas para conhecer, curtir, admirar e, quem sabe, planejar uma próxima vez.
À noite fomos ao Pelourinho para um passeio e jantar. Primeiro fui induzida a tomar uma boa cachaça no barzinho Cachaça Cravo e Canela. O local não é muito grande, então estava cheio, melhor, entupido de gente, não dava nem para se mexer. Após a apreciação da cachaça e de uma boa caminhada pelo local, fomos comer o tão elogiado filé do Mama Bahia. Nos locais pelos quais passávamos e com nossa aparência "gringa" os baianos, muito hospitaleiros, já vêm falando inglês com a gente, é um barato, pois a resposta, como não poderia deixar de ser, era dada em português.
 

  
CENAB, Salvador

No dia 29 de dezembro pela manhã ficamos nos afazeres domésticos, pois o veleiro é uma moradia e como em todas há a necessidade de alguns cuidados, literalmente falando, uma faxina. À tarde como o capitão trabalhou muito pela manhã teve que tirar uma soneca, enquanto eu fui tentar comprar algumas lembranças para a turma de Curitiba. Realmente só tentei, o custo nos produtos artesanais são muito caros. À noite fomos para mais uma exploração no Pelourinho com direito a jantar.
Hoje, dia 30 de dezembro começamos o retorno à Angra, sem nenhuma pressa. Então nossa primeira parada é Itaparica, onde pretendemos passar o ano novo já que o lugar é tranqüilo e pretendemos passar a virada mais isolados, às vezes faz muito bem um isolamento.
Fizemos um reconhecimento do local, super aconchegante. À noite fomos jantar num restaurante localizado na praça, lugar muito simples, mas um serviço excelente bem como a qualidade. Além das mesas dentro dos restaurantes também havia muitas mesas localizadas na praça. Para o jantar a nossa opção foi um peixe de cor vermelha, que devido ao bom preparo fomos obrigados a repetir. Nada melhor para uma bela noite de verão. Também estavam lá os velejadores Sofia e o Jean (ela baiana e ele francês), que já havíamos conhecido na Refeno, um casal muito divertido.
31 de dezembro é o dia tentar fazer tudo que ainda se deseja realizar em 2006, pois caso contrario terá que ficar para o próximo ano. Como nossos planos são passar a virada do ano aqui, vamos continuar curtindo o local.
Hoje a tarde, uma verdadeira aventura, não poderia ser melhor como despedida de um ano que se encerra:
No período da tarde fomos até a Ilha do Medo, de bote (ou dingue, como alguns chamam). É uma ilha pequena, contornamos a pé acompanhados sempre por muitos mosquitos e borrachudos, eles foram muito intrusos. O local tem ruínas de uma igreja que vale a pena conhecer. O local é conhecido por suas lendas.
Uma delas diz que o lugar foi assim batizado porque ficou assombrado após abrigar um asilo para onde eram levados doentes terminais de lepra e cólera. 
Uma outra lenda conta que um padre da comarca de Itaparica teria recebido dinheiro para celebrar uma missa e não o fez. Após sua morte, sua alma passou a residir na ilha, convidando os pescadores que passavam pelo local para assistir à celebração da tal missa.
 

  
Ruinas na Ilha do Mêdo

Bem, conhecemos a ilha então era hora de retornar, primeiro tivemos que nos afastar um bom trecho sem motor devido ao grande numero de pedras no local onde desembarcamos. Então após motorarmos um pouco para retornar ao Redboy simplesmente o motor parou e nada de pegar. A correnteza estava muito forte e contra, assim como o vento, já estava começando a anoitecer e não queríamos passar a virada no ano na Ilha do Medo. Resolvemos remar até uma baliza da marinha que inicialmente parecia próxima para lá tentar consertar o motor. Dá-lhe remar, uma vez ou outra o Mario dizia “não pare de remar, reme, reme”, e eu remei muito, mas a baliza parecia que se afastava também. Quando por fim alcançamos a baliza exaustos, fomos amarrar o dingue junto a baliza, o Mario passou o cabo ao redor da pilastra, que estava cheia de craca. O resultado não poderia ser diferente, braços cortados e arranhados. Mas não tínhamos tempo para nos preocupar com isso, pois estava anoitecendo e tínhamos que consertar o motor para conseguir retornar ao Redboy que estava próximo a Marina de Itaparica. Ufa, após alguns abre e fecha, uso do canivete suisso (nossa salvação), funcionou, brummmm, deixar esquentar bem para ter certeza que não iria nos deixar a remar novamente.
Durante o retorno começamos a falar e a imaginar como seria a nossa vira de ano caso não tivéssemos conseguido consertar o motor, com a noite fria em trajes de verão, a reportagem seria assim: “casal passa virada do ano abraçadinhos e com frio em um dingue que se encontrava amarrado a pilastra de uma baliza, porém felizes pois fizeram amor selvagem” (com todos aquelas picadas e arranhões). Quando chegamos ao Redboy já era noite, então resolvemos ir a terra para tomar um sorvete para esfriar a cabeça.
Na virada do ano ficamos a bordo do veleiro assistindo a queima de fogos da ilha, dos outros veleiros e até soltamos os fogos de sinalização que estavam vencidos. Feliz 2007. Eu em especial estou muito feliz é a minha primeira passagem de ano a bordo, curtindo e amando muito o capitão, “mein Schatz”, espero e desejo repetir muitas e muitas mais.
Durante o dia velejamos até as Ruínas do Mosteiro de São Francisco do Paraguassú. O percurso até lá é digno de ser visto, as paisagens são maravilhosas.
O local onde as ruínas ficam é pobre e as pessoas próximas as ruínas muito relaxadas, o acesso é uma vergonha, eles não sabem aproveitar o local para fazer turismo e com isso melhorar a sua qualidade de vida. Agora a vista do local e das ruínas vale a visita. Também fomos até a vila que fica atrás das ruínas, simpático. Lá também tivemos problemas com o dingue. Quando estávamos indo para a vila o Mario comentou que deveria ter tirado a chave de segurança, mas não voltamos e nos arrependemos, pois a garotada local por curiosidade ligou o motor do dingue e como ele estava fora da água, sobre uma laje, o motor funcionou no seco queimando o rotor. Sorte que eles devem ter se apavorado e desligaram logo, puxando a chave de segurança, pois o estrago poderia ter sido muito pior. 
Com estes dois acontecimentos ruins seguidos tiramos duas lições: 1º nunca sair sem o rádio VHF e 2ª sempre tirar a chave de segurança do motor de popa quando deixar o dingue em qualquer lugar.

   
Ruínas do Mosteiro de S. Fco. do Paraguassú

Retornamos para pernoitar em Itaparica e no dia 2 cedinho para Salvador providenciar o conserto do motor. Fomos direto para a Bahia Marina, pois a oficina fica junto a ela. Após conseguir a peça que demorou o resto do dia e sem conseguir ajustar o motor, no dia 3 de janeiro o mecânico tentou novamente sem sucesso. Então o jeito foi pegar o motor sem o reparo. Lá pelas 10 horas chegou o Crespo no veleiro para pedir ajuda ao Mário para subir no mastro do barco dele, porém comentou que ficou sabendo do problema do rotor do motor e durante a conversa chegaram à conclusão que com certeza só poderia ter ocorrido um erro de montagem dos mecânicos. Então antes das atividades no veleiro do Crespo resolveram abrir o motor ali mesmo no cokpit. Abriram, olharam, fussaram e constataram que a capa do rotor tinha girado e com isso alterado a sua forma original. Pegaram uma faca de ponta e tiraram a borracha que se encontrava no local da abertura, esta borracha era borracha derretida. Tudo limpo e encaixado fecharam o rotor e fizeram um teste dele ligado a uma furadeira. Funcionou redondinho então foi possível fechar o motor, etapa concluída.
Então já meio dia, almoço próximo à marina, restaurante de boa qualidade, por kg e preço acessível. Quando do retorno à marina era hora de ajudar o Crespo, o Mario o levantou na cadeirinha para que pudesse apertar um parafuso que não deixava a genoa descer toda. Este serviço foi rapidinho e sem stress. A noite fomos passear e jantar no shopping da Barra.
No dia 4 saímos de Salvador rumo a Camamú chegamos às 14h30, ancoramos sem nenhum problema, porém devido aos ventos fortes acabamos rodando e com a maré vazando acabamos encalhando na praia. Sorte que notamos logo e conseguimos sair no motor e ancoramos bem mais longe da praia, isto foi no Campinho. No dia seguinte resolvemos ancorar na Ilha Goió, um lugar mais protegido. Fomos também conhecer a Ilha do Sapinho que fica próxima. As ilhas ficam todas muito próximas uma das outras. No dia 6 com o bote fomos passear pelas ilhotas próximas.

   
Ilha do Goió e ilha do Sapinho, Camamú

No dia 7 de janeiro resolvemos ir até a cachoeira de Tremembé, então fomos com o veleiro até Maraú, lá contratamos uma barco de pesca para nos levar até a cachoeira. O dia não cooperou, esta muito fechado, o sol não queria se fazer presente, apenas os nativos se fizerem presentes, querem ajudar o tempo todo e acabam atrapalhando. Mesmo com a água gelada eu arrisquei e acabei tomando banho, melhor só me molhei rapidinho.
Quando do retorno ficamos sabendo que havia poita disponível no Campinho, poitas disponibilizadas por um pequeno valor pelo Restaurante Apoio Náutico Pousada. O local tem uma ótima estrutura e uma ótima alimentação, apenas no jantar você deve comunicar com antecedência, pois assim mantém o pessoal da cozinha apostos, vale a pena.
Agora que já curtimos as ilhas da região de Camamú, de manhã cedinho zarpamos rumo a Ilhéus.
Chegamos a Ilhéus no final do dia, 8 de janeiro, no dia seguinte um passeio pela cidade, conhecer e apreciar os sucos regionais. Eu apreciei um suco de cajá, porém comparado com os sucos do sul do país eles são muito encorpados, mais parecidos com uma vitamina, gostei, mas é estranho. Também comi uma fruta chamada sapota é uma delícia. A visão do restaurante do Iate clube de Ilhéus é dos Deuses.

 
Vista do Iate Clube de Ilhéus 

No dia 10 saímos de madrugada com destino ao Arquipélago de Abrolhos. Esta foi a minha primeira travessia na qual fiz turno sozinha, revezamento de 2 em 2 horas. Uma experiência e tanto. A segurança é um ponto muito forte, pois nunca se sabe o que pode acontecer, então sempre com o cinto de segurança atrelado quando se está na parte externa do veleiro, ainda mais em turno sozinha.
Acho que foi um turno normal, seja normal entre aspas, pois a mente humana sabe ter imaginações. O movimento das ondas muitas vezes me dava a nítida impressão que havia outros veleiros próximos, monstros marinhos, acho que os filmes que assisti sobre pirataria começaram a sortir efeito, pois as imagens se faziam presentes. 


Durante o percurso também garantimos a nossa sobrevivência.
 

Chegada ao arquipélago de Abrolhos formado por cinco ilhas, porém, só é permitido o desembarque em uma delas, a Siriba.  A sua formação é vulcânica. Acredita-se que parte da plataforma de Abrolhos tenha permanecido submersa durante certa de 16 mil anos, o que permitiu a sobrevivência dos corais.
Quando da chegada no Arquipélago de Abrolhos logo após o almoço do dia 11, mal ancoramos e já recebemos a visita do pessoal do Ibama para nos desejar boas vindas e agendar uma palestra e dar as instruções sobre os direitos e deveres no local. Marcamos para o dia seguinte, pois hoje queríamos só relaxar e um bom bate papo a dois.
No dia 12 recebemos o pessoal do Ibama a bordo para a palestra e orientações, logo após fomos até a Ilha da Siriba, devidamente acompanhados pelo guia do Ibama, contornamos a ilha, com as explicações da sua formação, dos seus habitantes. A Ilha da Siriba é única do Parque aberta aos visitantes, percorre-se um trilha de 800 metros para circula-la. Observamos algumas piscinas naturais, todas as pedras parecem que foram pintadas de branco, porém são as fezes do atobá ave mais abundante da ilha.
Um mergulho com snorkel no local para conhecer a vida marinha, falaram que eu iria ver tartarugas, mas acho que fui mais lenta que elas, pois não vi nenhuma. Curtimos o local com alguns mergulhos e depois fomos conhecer o farol.

  


Abrolhos

Quando estávamos saindo de Abrolhos o Mário descuidou leme deixando ele solto para me ajudar com a genoa, o que custou um susto e o rompimento do cabo de aço do leme. Tivemos que ancorar rapidamente, antes de chegar a uma profundidade que não fosse mais possível. O pessoal do veleiro Aventura, com o Abel, já estava pronto para nos dar suporte, caso não conseguíssemos fundear novamente. Eles também nos cederam um engate para efetuar a junção provisória dos cabos de aço. Valeu!. O resultado foi umas 2 horas de trabalho e muita sujeira.  Mas com tudo resolvido, saímos dia 15 de Abrolhos rumo a Vitória. Saímos só com a genoa, pois o vento estava forte e fomos assim até próximo ao Rio Doce.


Junção do Rio Doce com o mar.

Ali o vento mudou para sul, as ondas diminuíram um pouco também, mas continuam altas.  Como tudo está contra, vento, ondas, o jeito foi motorar e mesmo assim sem grandes avanços, pois com o vento e ondas contra não o veleiro não desliza, acabamos chegando só no final do dia em Vitória. Ancoramos próximo ao Iate clube. A chegada pelo Porto me encantou, a vista da cidade é de se apaixonar, então amanhã vou conhecer a hospitalidade vitoriense.
 


  
Vitória

Hoje dia 16 fomos cedinho para terra fazer o checkin no Iate Clube e tentar negociar uma vaga no Píer, pois as vagas são exclusivas de sócios. Para os visitantes é permitido somente efetuar o abastecimento e limpeza, então a solução foi correr para conseguir uma autorização do Comodoro ou de um diretor. O Iate Clube oferece um super serviços de restaurante, piscina, sauna, canchas esportivas.
Durante o dia muitas atividades, comprar peça para reforçar o conserto do leme, garantindo assim que o cabo não acabe deslizando e se soltando, levar roupa para a lavanderia, uma esticada até o shopping para um almoço e um chopinho. À noite primeiramente fizemos uma sauna para limpeza dos poros e mente, então logo mais até os barzinhos que ficam bem próximos ao clube. Jantamos em um com uma decoração toda rústica, uma boa musica, um ótimo cardápio e além disso eu estava muito bem acompanhada, pelo meu Schatz.
No dia 17, foi cheio de afazeres, uma faxina completa no veleiro, lavar novamente algumas roupas que vieram da lavanderia, pois retornaram do mesmo jeito, sujas, abastecimento de água e óleo diesel, compras para abastecimento dos tópicos básicos. Também hoje com a ajuda do Henrique, sócio do clube, conseguimos falar com o diretor Guaraci que gentilmente nos forneceu a autorização de permanência no Píer até o dia 19 cedo. Só temos a agradecer o Henrique e ao Guaraci, pois ficar no píer é muito melhor, com maior comodidade. Também ainda deu tempo para um passeio pelas praias vizinhas. No dia seguinte pela manhã fomos conhecer o Convento da Penha que fica em Vila Velha, um local que é lindo se olhando de longe e mais lindo apreciando a paisagem de Vila Velha e Vitória dele, imperdível. Um pouco da história do Convento: 
“Patrimônio histórico e religioso, o Convento da Penha foi fundado em 1558 pelo Frei Pedro Palácios. Reza a lenda, que por três vezes, o painel de Nossa Senhora apareceu no alto do Morro, sinalizando ao Frei onde deveria ser construída a sua Capela. O Convento fica a 154m de altitude e está cercado pela Mata Atlântica. Seu interior preserva séculos de história. Quadros do pintor paulista Benedito Calixto retratam as diversas fases e as agressões estrangeiras sofridas pelo Convento. Do alto do morro, tem-se uma bela vista de Vitória e Vila Velha.”

  
Vistas do Convento da Penha

A tarde uma soneca para o agito noturno. Também todos os dias em Vitória no final do dia eu dei a minha corrida básica pela orla.
Bem, dia 19 o jeito foi levantar cedo para os últimos preparativos para seguir rumo a Búzios amanhã e aproveitar o dia e a noite. O povo de Vitória são pessoas muito tranqüilas, sociáveis, brincalhões e o transito nota 10, o respeito com o pedestre é impressionante. Apenas um exemplo, quando eu corria, os motoristas paravam e davam preferência e observei que era com qualquer pessoa que estivesse praticando uma atividade esportiva, parabéns.
Bem, chegou a hora da despedida de Vitória e conhecer Búzios, isto quer dizer que terei que fazer turno novamente, espero que não veja tantos monstros e veleiros nos acompanhando.
Saímos bem cedo e foi a melhor velejada até o momento, pois tudo estava a favor, vento e mar nos levavam. Também montamos a chamada asa de pombo o que ajudou mais ainda.


Armado em Asa de Pombo

No dia 21 lá pelas 2 horas da manhã, no turno do Mario, começou a encrenca. Chamou para auxiliar, pois havíamos pegado uma rede, foi um puxa, levanta, força, cadê o cabo, muita luta, segurando a malha da redê com o cróque, gritando corta, a força indo, o cróque deslizando, acabei de perder o cróque, pois com o balanço de um puxão mais forte e lá se foi. O Mario ainda tentou alcançar o cróque esticando o braço na água, sem condições, ele afundou.  Então o Mario optou em dar uma ré, na tentativa de nos desvencilharmos daquela encrenca, ufa e funcionou, porém uma parte da redê já havia se enrolado no hélice e travou o motor. Seja só vela, pois motor não seria mais possível, mas ótimo, afinal quem tem veleiro é para velejar e um bom velejador só vai à vela, mesmo que o percurso demore o dobro ou mais. Velejar é apreciar a beleza, curtir e se deixar embalar pelas ondas, ir com o vento ou esperar o vento. Mas quando isto aconteceu ainda tínhamos o vento, mas algum tempo depois, ele resolveu descansar, com esta calmaria chegamos a entrada de Búzios as duas da manhã do dia 22. Como não conhecíamos a entrada e as luzes das ilhas estavam confundindo os nossos olhos, o Mário optou em colocar o veleiro em capa. Após tudo conferido e confirmado, fomos descansar. Acordamos às 6 horas da manhã e constatamos que havíamos nos movido apenas 4 milhas. A capa funcionou muito bem, êta capitão, sabia direitinho o que estava fazendo quando colocou em capa e havia comentado que no máximo nos deslocaríamos 6 milhas.
Seguimos direto para a Praia dos Ossos local que nos haviam recomendado, ancoramos e o Mario logo pegou os equipamentos de mergulho (menos a roupa de neoprene que foi roubada na Venezuela) para efetuar a faxina do hélice. Ele conseguiu, porém, foi um cilindro de oxigênio todo, era muita rede enrolada. Então quando retornou a bordo estava com sintomas de hipotermia. Agasalho, cobertor e um Toddy quente, mas os dentes continuavam batendo. Após uns 20 minutos o corpo se restabeleceu e era hora de explorar e conhecer Búzios. Parabéns a Búzios, limpeza em todos os cantos, sabem explorar o turismo sem explorar o turista. Acho ótimo, pois quem vai volta, pois não se sente explorado. Fomos almoçar em um restaurante chamado “A GULA” por quilo, caro, porém as variedades e a qualidade são fantásticas, que nos deixaram cheio de duvidas em que optar para degustar. Também em búzios tem muitas estatuas em bronze como a dos 3 pescadores a da Brigitte Bardot. 

  

  
Búzios

A estatua da Brigitte Bardot retrata a forma despojada como ela costumava andar por Búzios em 1964. A estatua dos pescadores esta instalada dentro d'água, à beira da praia da Armação. A escultura traz 3 pescadores em ação, eternizando o bonito gesto de tirar do mar os frutos que normalmente só vemos no prato. Ambas as obras são da artista plástica Christina Motta.
No final do dia pretendíamos voltar em terra, mas chovia muito então a melhor opção foi fazer um “torpedo” a bordo com um sabor divino.
Dia 23, destino Ilha de Cabo Frio, uma velejada mais curta, mas ótima, quando da chegada , direto para a praia do Forninho, ancorar, bote na água e direto para civilização, um belo bolinho de aipim, uma cerveja geladinha, apreciar o local. Também recebemos orientação do Tamico de uma embarcação local (Papaléguas) a forma mais segura de chegar a praia do Boqueirão e sair do Arraial do Cabo.  Às 16 horas fomos para a praia do Boqueirão, na Ilha do Cabo Frio. Uma corrida pelas dunas, deslumbrar umas árvores com suas raízes a mostra, fotos e o pernoite ali mesmo, pois o local é bem protegido.

  


Arraial do Cabo, Ilha do Cabo Frio e o Boqueirão

 Dia 24 saímos de madrugada por uma passagem estreita chamada Boqueirão, pois se ganha muito tempo ao invés de contornar a ilha toda, passamos sem nenhum problema, motorando para não ter nenhuma surpresa com alguma onda mais forte. Sempre se houve falar que o Rio é lindo. Realmente chegando por rodovia é lindo, chegando pelo ar também é lindo e agora eu constatei pelos meus olhos que por mar também só merece elogios, os olhos não se cansam de tanto paisagem, a vista que se tem é maravilhosa. Fomos para o Clube Naval Charitas, em Niterói. Devidamente atracados no píer 4, registro, um papo com a Suzi, que nos cedeu dois passes de acesso ao Clube para que assim pudéssemos curtir a noite em Niterói. Obrigada Suzi. Os barzinhos na orla são super convidativos para um chopinho, um bom papo. O clube Naval também tem uma estrutura muito boa, só deu para fazer sauna, pois o nosso tempo era curto, então as mordomias, como piscina, academia, ficam para a próxima vez.

  
Chegando ao Rio

 Dia 25 cedo começamos cedinho a nossa última etapa para chegar em casa, na casa do Redboy, já que a residência dele é o Piratas Mall em Angra. Quando saímos do Rio o mar estava um tapete liso, então não teve outro jeito a não ser apelar para o motor novamente. Próximo ao almoço o vento resolveu nos visitar e conseguimos velejar por uma 2 horas, muito bom. O vento sumiu totalmente e acabamos chegando a Angra motorando. Novamente instalados no Piratas é hora de colocar tudo no lugar, talheres, livros, organizar a mesa de navegação, afinal durante as velejadas/travessias nada fica no lugar. A noite um passeio pelo shopping um jantarzinho.
Dia 26 cedo hora de fechar as malas, preparar o espírito para retornar à civilização, verificar como os filhos se viraram ou se viraram tudo, energias carregadas. Férias para não esquecer e planejar para novas aventuras.

  


Em "casa", na Marina Piratas...

 

 Veja o VÍDEO com parte da travessia: Clique aqui! (ligue o som!)

 

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