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Subindo a costa...

Depois de uma certa indecisão resolvi participar da Refeno deste ano, 2006. Estava com receio que a cirurgia que fiz na coluna em maio pudesse incomodar. No final de julho o Redboy saiu de Angra com destino ao Rio de Janeiro onde se integraria ao Cruzeiro Costa Leste até Salvador. A viagem foi tranqüila, eu e o João José, o mesmo que veio com o barco desde a Venezuela. Mas não fiquei muito confiante, as costas estavam me dizendo: olha, eu estou aqui... Então resolvi ganhar mais 30 dias de repouso e mandei o barco para Salvador com o Átila. Uma pena, pois o Cruzeiro Costa Leste foi muito bem organizado e o pessoal que foi elogiou demais. Mas fica para 2008...
Com isto me recuperei bem e no final de agosto voei para Salvador onde o João me esperava com o barco no CENAB. Ver vídeo desta marina AQUI.
O Rally que estava programado para sair para  Recife no dia 10 foi transferido para o dia 14, então resolvi sair antes pois queria parar em Maceió, que ainda não conhecia. Aguardamos o outro tripulante chegar, o Cláudio, e zarpamos com destino às Alagoas. Foi uma das piores travessias que já fiz!!! Mar alto, vento contra e forte, tinha de ajudar com o motor, uma droga. Fiquei dois dias praticamente sem dormir e comecei a ter alucinações: o barulho da água no ralo da pia me parecia duas mulheres conversando, eu ouvia até as palavras! Mas finalmente chegamos.
A entrada em Maceió é bem tranqüila, tem poitas da Federação Alagoana de Vela e Motor e transporte até a praia. Vale a pena pegar o serviço de transporte do Bira pois a praia onde se desembarca é extremamente suja, principalmente na maré baixa. Arrastar o bote ali é certeza de bote furado. Ficamos duas noites para poder descansar bem e conhecer a cidade e partimos em direção à Recife.



Entre Maceió e Recife
 

Foi uma viagem bem melhor, velejando o tempo todo mas chegamos na entrada do porto na hora errada da enchente da maré, condição para se ir até o Cabanga Iate Clube. Na chegada, de madrugada, um pouco de stress pois não víamos a sinalização do molhe de proteção, devido à grande quantidade de luzes da cidade. Aí, de repente, olhando um pouco mais prá boreste lá estava ele, enorme! Como não podíamos ir até o Cabanga pegamos uma poita no PIC, Pernambuco Iate Clube e aguardamos a maré encher para ir até o Cabanga. Já estava cheio de barcos, uma grande festa.

Refeno e Noronha

Mas estava bom demais prá ser verdade. A Refeno, devido à atenção que atrai na mídia acaba trazendo gente de órgãos públicos que deveria estar fazendo alguma coisa útil. É o caso da ANVISA, que passa 350 dias por ano sem aparecer no clube e nas duas semanas que antecedem a regata aparece lá com um bando de PeTralhas, quer entrar nos barcos, lacrar vasos sanitários, ver se você está usando tábua de madeira para cortar carne etc. Um bando de palhaços que só não entrou no meu barco porque não deixei, mesmo ameaçado de ser autuado(!). Gente arrogante, resultado do aparelhamento do estado por este governo federal corruPTo e inepto chefiado (?) por um ignorante, que nomeia barbudinhos e barbudinhas para cargos que deveriam ser preenchidos com gente competente. E ainda queriam colar um adesivo da Anvisa nos barcos!!! Inacreditável, coisa típica de petista. Comigo não violão. A única coisa engraçada foi quando dois daqueles palhaços caíram naquela água putrefata e então passaram a andar de coletes salva-vidas dentro do clube, kkkkk...

A Capitania de Pernambuco também inventou umas regras completamente fora de propósito. Por exemplo, se o teu barco está classificado como Mar Aberto, mas em nenhum lugar diz se é Costeiro ou Oceânico e vc não tem Balsa nem SSB vc é considerado Costeiro. E aí precisa de um laudo de um engenheiro naval dizendo que o teu barco pode navegar em alto mar! Ou seja, se o barco estruturalmente é o mesmo, só mudam os equipamentos, então qual a diferença de ter ou não o tal laudo? Como não tinha a menor intenção de pagar R$ 300,00 pelo laudo (o tal engenheiro nem vai no teu barco), fiz eu mesmo uma declaração dizendo que o barco estava apto, coloquei o meu numero do CREA (sou engenheiro mecânico) e entreguei. Outra coisa é que o sargento que fazia a vistoria especificava os medicamentos que deveríamos ter a bordo pelo nome comercial. Ou seja, dava uma receita mesmo sem ser médico! E o Capitão dos Portos é conivente com estas atitudes. Vai ver que é outro que não sabia de nada...

Uma pena, pois o esforço do Cabanga e em especial do comodoro JP em realizar este evento é muito grande, mas o resultado é que uma regata que já teve 150 barcos inscritos no passado teve menos de 90 participantes desta vez.


Festa de abertura da Refeno, com Maracatu e tudo...


Finalmente a Lilli chegou para me tirar do stress daquela burocracia maluca. Infelizmente tivemos pouco tempo para ela conhecer a cidade pois a largada seria dali a dois dias. Na noite de sexta teve um jantar de abertura com show de Maracatu e uma comida muito boa tendo em vista o numero de pessoas. Foi curtir uma piscina, fazer compras e largar! Sem a anuência da Capitania nem dos babacas da Anvisa, é claro...
A travessia até Noronha foi numa orça folgada, com vento muito fraco. Já tínhamos saído rizados e ficamos assim mesmo. O rizo foi uma questão de segurança pois estávamos apenas em três: a Lilli, que estava estreando em travessia, o João e eu - o Cláudio teve que desembarcar em Recife. Somente na madrugada do domingo o vento passou de 20 nós e aí o barco começou a andar bem. A Lilli, prestativa como sempre, resolveu fazer um lanche logo na largada e não saiu mais de dentro do barco... Mareou bastante e só melhorou na segunda, quando faltava umas 5 horas para chegar em Noronha.
A chegada em Noronha foi interessante, fazendo um pega com um veleiro argentino que tive o gostinho de passar na última milha. Foi o único trecho que peguei no leme, o resto foi só o piloto ligado no GPS. A ancoragem em Noronha é sempre complicada pois o fundo tem muitas pedras e é fácil da ancora ficar presa. Procuramos jogar  ferro sobre a areia, mas mais tarde vimos que tinha garrado até ficar preso numa pedra. Não adiantava tirar dali, então deixamos como estava e iríamos nos preocupar com isto na hora de partir.


Ralo do mundo e em seguida um geiser em Noronha!

Participamos de alguns eventos como uma churrascada de carne de bode na Casa da Paraíba, regado à cachaça da boa! Alugamos um buggy para fazer os passeios de praxe mas eu estava meio inquieto com o ancoradouro. Estava muito diferente das outras vezes que estive lá, com o mar muito mais mexido. Mesmo na praia do Cachorro onde nos anos anteriores descíamos de bote para buscar água estava impraticável: tinha gente surfando! Na quarta entrou um swell no porto que parecia um tsunami: o vagalhão entrava tão alto que escondia o casco dos barcos, só deixando ver os mastros. Aí, quando ele passava o Redboy dava uma surfada e depois voltava dando um tranco na âncora. Vários barcos garraram inclusive o catamarã PicNick que notei que estava arrastando ferro às 4 da manhã e cuja tripulação foi negligente e não ancorou novamente apesar dos dois avisos que dei e acabou batendo no Redboy quando estávamos na ilha. Resultado: um poste do guarda mancebo do Redboy torto e a banana de boreste do catamarã toda riscada. O comandante do barco não estava e nem sei se soube do acontecido. Provavelmente não pois a tripulação era só de garotada e devem ter escondido a cagada que fizeram.


Ondas arrebentando a poucos metros da ancoragem...

Cabedelo, João Pessoa

Então na quinta saímos rumo à João Pessoa, mais precisamente Jacaré, em Cabedelo. Uma velejada legal, com bom vento, mar relativamente calmo. A Lilli não enjoou mais (já estava embarcada há 5 dias) e pode aproveitar melhor a travessia, principalmente porque era lua cheia e as noites muito claras. Tive de segurar o barco de novo para chegarmos na entrada do porto de dia. Na entrada estão faltando várias bóias e a carta do porto (24235) está com diferenças significativas em relação à realidade. Felizmente desta vez acertamos a hora de entrar, pois a navegada até o Jacaré, onde fica o Iate Clube, não deve ser feita na maré baixa. Tinha traçado a rota usando a carta 24235 e com o erro que ela tem acabamos passando fora do canal. A maré estava enchendo e não encalhamos por pouco.
A recepção no Iate Clube foi fantástica, com um comitê de boas vindas distribuindo frutas e cachaça (!), café da manhã, massagistas, redes e sofás para descanso, manicure, cabeleireiro, barbeiro, internet, tudo free. Realmente uma festa. Vale a pena passar alguns dias neste lugar. A água do rio Paraíba é surpreendentemente limpa, o pôr do Sol á fantástico, sempre acompanhado pelo Bolero de Ravel tocado ao vivo. O Jacaré é um ponto de encontro do pessoal de J. Pessoa e nas tardes de sexta e sábado fica com um movimento muito grande, com vários barzinhos, todos cheios. O pessoal é muito hospitaleiro e não medem esforços para te atender bem. No sábado teve o jantar de entrega dos prêmios e sorteio de vários brindes, inclusive um carro Pálio 0 km! Aconteceu na Fortaleza de Santa Catarina, que fica na entrada do porto.


Relax no Iate e recepção na Fortaleza de Santa Catarina

Domingo a noite, depois de um tour pela cidade, a Lilli foi para Recife, numa van oferecida pelo clube, para pegar o avião de volta para Curitiba. Ficamos eu e o João e saímos na terça com destino à Recife. Rapidinho, pois é perto, umas 70 milhas. Outra velejada legal, desta vez perto da costa, a umas 5 milhas, com menos de 30 metros de profundidade, então a paisagem não fica tão monótona e passamos entre os pesqueiros e a terra. Chegamos de madrugadinha, mas como já conhecíamos a entrada não teve problemas. Aguardamos nos entregarem um novo vaso sanitário pois o antigo não agüentou uma "sentada" involuntária durante a travessia... Dali fomos a Maceió, outra velejada fácil, com bom vento e mar calmo. Lá estava o Guardian fazendo uma reforma no convés, mas não pudemos falar com o comandante Sombra. Ficamos só um dia e partimos para Salvador. Como a costa faz uma curva perto da foz do S. Francisco, ficamos mais afastados da terra e acabamos pegando uma bóia de rede mas nos livramos dela rapidamente cortando o cabo. Quando saímos da plataforma continental fiquei mais tranqüilo, pois os barcos de pesca geralmente não vão além dos 50 metros de profundidade. Cruzamos com alguns navios e outros nos ultrapassaram, sem maior stress.

Umas 18 horas antes de chegarmos a Salvador o vento sumiu e tivemos de motorar até lá. Achei muito estranho pois ali venta sempre. Chegamos de madrugada, passando entre o banco de Santo Antonio e o Farol da Barra. Olhando na carta parece uma passagem muito estreita, mas é bem tranqüila. Finalmente o CENAB, umas horas de sono e começar os preparativos para deixar o barco e voltar para Curitiba. Devo voltar para Salvador no final de dezembro, com a Lilli, para trazermos o barco de volta ao lar, Angra. Mas isto é outra história... Depois eu conto como foi.

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